Como conclusão de um trabalho escolar sobre o expressionismo,
realizado por Fernanda Guedes, Juliana Pauletto, Luisa Goulart, Natália Emmel e
Paula Triches, este blog foi criado com o intuito de instruir possíveis
leitores e seguidores com informações sobre esta vanguarda, seus escritores,
artistas e uma breve pesquisa sobre o impacto dessa época sobre os dias atuais.
Expressionismo
domingo, 13 de julho de 2014
Arte expressionista: "As dores do nosso tempo" e "Onde se esconde?".
As dores do nosso tempo:
Arte "As dores do nosso tempo", produzido pelas alunas Fernanda, Juliana, Luisa, Natália e Paula.
A obra de arte, intitulada "As dores do nosso tempo",
foi composta a partir da observação da sociedade atual. Tendo em vista o temor
a que somos submetidos cotidianamente, a obra é uma metáfora acerca do nosso
mundo e de como o interpretamos, estejamos em qualquer classe social. As dores,
simbolizadas pelos espinhos na face de argila, representam a opressão -a dureza
de estar submetido ao trabalho quase escravocrata-, a violência desenfreada que
assombra não somente os grandes centros urbanos, como também as regiões
interioranas do nosso país e, também, o próprio tempo, tempo este que delimita
a vida de todos nós, demarcando limites, cercando fronteiras; tempo que
assombra e faz morrer.
Nova perspectiva: a obra vista de um novo ângulo. |
Os espinhos simbolizam o temor do ser humano. |
Tendo claro o conceito
básico do expressionismo (deformar a realidade para poder expressar -de forma
subjetiva- o ser humano e o ambiente que o cerca), construímos a obra em função
desse fator, tentando unir a transfiguração da figura humana (que se deu a partir
do seu temor perante o mundo) com as assombrações da própria realidade, que
estariam representadas pela "chuva de espinhos" que penetram
desvairadamente no corpo de cada um de nós.
Anexos: Modo de produção
Passo 1: base de argila. |
Passo 2: forma e sentimento ao objeto. |
Passo 3: acrescentar acessórios a fim de caracterizar a obra, |
Passo 4: acrescentar palitos de dente para simbolizarem os espinhos. |
Obra "As dores do nosso tempo" finalizada. |
Onde se esconde?
Processo de construção da obra |
Como parte do nosso trabalho, foi decidido fazer uma obra que
representa-se o expressionismo, por a vanguarda ser muito intensa e de uma
certa forma conseguir tocar nossas emoções, o grupo achou cabível criar
duas obras para mostrar o quão imenso é o expressionismo, a primeira é
"As dores do nosso tempo" - obra a cima- e a segunda foi
intitulada como "Onde se esconde?" - representada pelas as imagens.
Resultado da obra "Onde se esconde?" pelas as alunas Fernanda, Juliana, Luisa, Natália e Paula |
A obra “Onde se esconde?”
representa o conflito interno que escondemos atrás de nossa própria máscara. A
pintura mostra a confusão de sentimentos (e até mesmos sentimentos mais comuns
como a felicidade e a tristeza – apontados na boca da face e na lágrima), com as cores
mostrando cada emoção diferente: a cor roxa simboliza a espiritualidade e o
mistério, mostrando a fé e a dúvida de sentimentos; a cor laranja significa a
alegria, vitalidade, prosperidade, sucesso e principalmente a espontaneidade; e
os desenhos por cima do laranja mostrando a inocência do sentimento, a
melancolia; A cor azul representa os dois lados do sentimento pois ao mesmo
tempo em que representa a tranqüilidade, serenidade e harmonia, também
simboliza a frieza, monotonia e depressão; As flores significam a paz interior,
a pureza de sentimentos e tendo a cor preta como contraste a cor preta que
mostra a morte, o isolamento, medo e a solidão. O conceito dessa obra é mostra
os estágios dos sentimentos da vida, por qual todo passamos, e esta arte é nada
mais e nada menos do que o resultado da vida, a acumulação dos sentimentos da
vida.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
A vanguarda da expressão: o expressionismo exacerbado
O expressionismo surgiu na
Alemanha, em 1910, com uma forte herança do século XIX. Esta vanguarda teve
como fundamento a expressão das manifestações do mundo interior, bem como do
subjetivismo do artista, para o exterior, isto é, a obra de arte reflete o
sentimento e sensações do artista no momento da criação. Tendo como referência
a Primeira Guerra Mundial, o movimento assumiu um caráter crítico em relação à
guerra, delatando as péssimas condições de vida da população e os temores da
época.
O movimento expressionista
nasceu em prol da oposição ao Impressionismo
–tendência da qual provinham. Enquanto o Impressionismo é um movimento
que ocorre do exterior para o interior, onde o objeto se transmite no sujeito,
o expressionismo ocorre do interior para o exterior, isto é, o sujeito sozinho
transmite o objeto, a realidade propriamente dita. Podemos comprovar a tal
oposição nas palavras do crítico de arte Giulio Argan: “o expressionismo se põe
como antítese do impressionismo, mas o pressupõe: ambos são movimentos
realistas, que exigem a dedicação total do artista à questão da realidade,
mesmo que o primeiro a resolva no plano do conhecimento e o segundo no plano da
ação. (ARGAN, 1993, p.227).
Os artistas denominados
expressionistas representavam nas telas imagens criadas em virtude do nosso
mundo interior, sem haver a cautela de criar o feio ou o belo. Em Movimentos da vanguarda europeia, a
autora Lúcia Helena aborta esse fato: “ao contrário de outras vanguardas,
que refletem otimistamente sobre a tendência e o progresso, como, por exemplo,
os futuristas, os expressionistas são mais afetados pelo sofrimento humano do
que pelo triunfo.”
Entre os artistas que aderiram aos traços e
pré-requisitos do expressionismo temos, na pintura, Edvard Munch, Vicent Van
Gogh, Marc Chagall e Chaim Soutine; na literatura,
Ugust Stramm, Kasimir Edschmid, Herman Hesse e Thomas Mann e, na arquitetura, sobretudo, Erich
Mendelsohn
Dos pintores expressionistas, destacaram-se
Edvard Munch (1863-1944), e Vincent van Gogh (1853-1890), que compunham suas
obras com cores quentes e violentas, bem como com linhas grossas que ajudavam a
aumentar a intensidade das obras. Adentrando os trabalhos da vanguarda, o
quadro O Grito (1893), de Munch, é considerado o precursor das
obras caracterizadas como expressionistas, e retrata a expressão e o sentimento
do artista ao criar a obra:
“Caminhava com dois amigos pelo passeio, o sol se punha, o céu se tornou repentinamente vermelho, eu me detive; cansado, apoiei-me na grade – sobre a cidade o braço de mar azul-escuro via apenas sangue e línguas de fogo –, meus amigos continuaram a andar e eu permanecia preso no mesmo lugar, tremendo de medo – e sentia que uma gritaria infinita penetrava toda a natureza”. (MUNCH, Edvard. Diário pessoal do artista. Disponível em: <http://www.escoladeeducacaoinfantil.com.br/o-grit/>. Acesso em: 08 de abril de 2014)
O painel Guernica, de Pablo Picasso (1881-1973),
pintor que também fez parte do movimento Cubista, finaliza os trabalhos da arte
expressionista, retratando o bombardeio da cidade que dá nome à obra durante a
Guerra Civil Espanhola, de uma forma angustiante, evidenciando o sentimento do
artista ao produzir tal arte.
Posteriormente, no Brasil, a
vanguarda expressionista foi a base para a implantação do movimento Modernista
em nosso País, com uma exposição, em 1913, do russo Lasar Segall (1891-1957) e
outra, em 1917, sobre pintura moderna, de Anita Malfatti. Por aqui, com o
advento do modernismo, surgiram nomes de destaque, como Candido Portinari,
Nelson Rodrigues, Osvaldo Goeldi e os dois antes mencionados Segall e Anita.
O expressionismo, portanto, é
um movimento da vanguarda europeia que instaura a arte de expor a forma física
e espiritual do artista em sua obra, de forma subjetiva e peculiar, com traços
fortes, tons quentes e pinceladas disformes, capazes de originar o sentimento exato
no receptor.
Para finalizarmos, um trecho
de Hermann Bahn, sintetizando o conteúdo:
“O homem grita das profundezas da sua alma, a
época toda se torna um grito isolado, perfurante. A arte também grita, dentro
da profunda escuridão, grita por socorro, grita pelo espírito. Isso é
expressionismo.”(BAHN, 1990)
Biografias de alguns pintores expressionistas
Munch
Edvard Munch nasceu
em 12 de dezembro de 1863 em Loten na Noruega. Era o segundo filho
homem do Dr. Christian Munch com a sua esposa Laura Cathrine.
Além do irmão, Andreas, Munchtinha três irmãs, Sophie, Laura
e Inger. Após um ano, sua família muda-se para a cidade
deChristiania, hoje conhecida como Oslo. Quando Munch tinha cinco anos,
1868, sua mãe, Laura Cathrine, morre de tuberculose e após nove anos, sua
irmã Sophie, também falece pelo mesmo motivo da mãe. Em
1879, Munch começa a estudar engenharia, mas um ano depois
desiste dos estudos e decide ser pintor. Desde agosto de 1881 Munchfrequenta
a Academia de Desenho de Oslo. No mesmo ano, vende dois quadros e pinta seu
primeiroauto-retrato. Um ano depois ele aluga um estúdio em Oslo junto com seis
outros estudantes de arte.Em 1883 exibe pela primeira vez suas obras na
Exposição de Outono de Oslo. Em 1885, Munch ,expõe na
Exposição Mundial de Antuérpia. Em Paris, estuda no Salon e no
Louvre. E inicia três obras da maior importância: A Criança Doente, O Dia
Seguinte e Puberdade. A obra A Criança Doente escandaliza o público na
Exposição De Outono em Oslo, em 1886. Em 1889 teve sua primeira exposição
individual e seu morre em Novembro do mesmo ano. A partir
de 1904, seguem-se numerosas exposições. Torna-se membro
daSezession berlinense. Expõe 20 quadros naSezession vienense. Sua
primeira exposição nos Estados Unidos foi em 1942. E em 1944, Munch morre
tranquilamente em Ekely, no dia 23 de Janeiro. Deixa sua propriedade
de Oslo, a qual abre o Munch-Museum em 1963 para celebrar o
centenário do seu nascimento.
Rouault
Georges Rouault, nascido em
27 de maio de 1871 em Paris, era filho de artesãos de origem rural e teve
infância pobre e cheia de vicissitudes. Em 1881 descobre a pintura de Daumier,
Courbet e Manet graças ao seu avô materno. Já em 1885, começa a aprender o ofício
de um pintor como restaurador de igrejas antigas, inscreve-se na Escola
Nacional de Belas-Artes como aluno de Delaunay e Moreau no ano de 1891. Quatro
anos mais tarde, aconselhado pelo próprio Moreau, abandona a escola para seguir
um rumo artístico independente, com a morte do professor em 1898, assumiu o
cargo de diretor do museu organizado em sua homenagem; sua família transfere-se
para a Argélia, porem, Georges continua em Paris, e após quatro anos, expõe no
Salão dos Independentes também em Paris, e em 1903 expõe no Salão de Outono, o
qual era um dos fundadores. No ano seguinte se junta a Bloy, cujas obras
serviam de influência para seus ideais éticos e religiosos. Em 1911, após tendo
se afastado de Bloy, junta-se a Jacques Maritain. Dois anos mais tarde vende
toda sua exposição para Ambroise Vollard, que o contrata para ilustrar livros
que pretendia editar. Em 1917, começa a série de gravuras que seria publicada
em 1948 sob o titulo de “Miserere”. Doze anos depois, pinta os cenários de balé
“O Filho Prodígio”. Já em 1945 desenha os vitrais para a igreja de Plateau
d’Assy, e faz uma exposição retrospectiva no Museu de Arte Moderna de Nova
Iorque. No dia 13 de fevereiro de 1958, veio a óbito.
Ludwig
Ernst Ludwig Kirchner nasceu
em Aschaffenburg, Alemanha, em 06 de maio de 1880, e faleceu em Davos, Suíça,
no dia 15 de junho de 1938. Fundador do grupo de pintura “Die Brücke”, Kirchner
foi um pintor do movimento expressionista alemão. Filho de um professor de
desenho, Kirchner sempre mostrou aptidão para a gravura e a pintura. Em 1901,
iniciou seus estudos no curso técnico de arquitetura da cidade de Dresden. Para
ganhar dinheiro, realizava trabalhos de decoração em casas e capelas, e pintava
quadros. Em 1905, juntamente com três amigos do curso de arquitetura,
Bleyl,Heckel e Schmidt-Rottluff, Kirchner cria um grupo de pintura denominado
“Die Brücke” (a ponte), que ficará conhecido como a primeira manifestação do
expressionismo alemão. Com a chegada da Primeira Guerra Mundial, Kirchner passa
a sofrer severas crises de ansiedade. Convocado, realiza treinamento militar,
mas é dispensado em 1917. Em 1919, muda-se para os Alpes Suíços, e passa a
viver uma vida reclusa. Continua pintando, dedicando-se com maior atenção às
paisagens. Temeroso com a chegada de outra grande guerra, solitário e doente,
Kirchner se suicida com um tiro no peito, no ano de 1938.
Marc
Franz Marc nasceu no dia 8 de
fevereiro de 1880, na cidade de Munique, e faleceu em 4 de março de 1916. Era
filho de Wilhelm Marc, um pintor profissional de paisagens, e Sophie Marc,
calvinista radical. Um dos fundadores do grupo “Der BlaueReiter”, Marc é
considerado um dos mais influentes representantes do expressionismo alemão.
Quandojovem, Marc pretendia estudar filosofia ou teologia. Filho de um pintor profissional,
porém, acaba se interessando por pintura, e em 1900 inscreve-se na Academia de
Belas Artes de Munique. Suas primeiras obras são naturalistas, e Marc dedica-se
especialmente a pintura de paisagens. Viaja duas vezes para Paris entre os anos
de 1903 e 1907. Na capital francesa, conhece a obra de Van Gogh eGauguin, que
influenciaria de forma definitiva o seu trabalho. Em 1910, faz amizade com os
pintoresMacke, Münter e Kandinsky. Juntos, fundam o grupo “Der Blaue Reiter”,
com tendênciasexpressionistas.Durante a Primeira Guerra Mundial, Marc
apresenta-se como voluntário, e acaba morto em combate, no ano de 1916.
Considerado em vida um dos mais promissores pintores de sua geração, sua morte
foi lamentada por todo o mundo artístico.
Segall
Lasar Segall nasceu em 21 de
julho de 1891 em Vilna, em meio a uma família pobre judaica. Em 1906, viaja a
Berlim, onde estudou na Academia oficial, a qual se desligou para participar da
Nova Secessão liderada por Max Liebermann. 1910, viaja novamente, desta vez para
Dresden realiza sua primeira exposição individual. Já em 1913, participa da
exposição de Arte Moderna no Brasil, 1914 a 1916, foi internado no campo de
prisioneiros civis alemão, viajando para sua cidade Natal e logo após, retorna
a Dresden. De 1920 a 1923, iniciou a organização de uma série de exposições,
novamente no Brasil. No ano de 1929 viajou a Paris para a exposição na Galeria
Vignos, a qual apresenta sua primeiras esculturas. Em 1932, retorna ao Brasil
como co-fundador da Sociedade Paulista de Arte Moderna. Em 1943 participou da
retrospectiva do Museu Nacional de Belas-Artes no Rio de Janeiro e em 1951
expôs na primeira Bienal de Arte Moderna de São Paulo, a mesma que participou
novamente em 1953. Em 2 de agosto de 1957, Segall falece em sua casa-atelier,
que é transformada, por sua esposa, em um Museu.
Obras Expressionistas
“Os
três estágios da mulher” (1894), de Edvard Munch, é um quadro pintado a óleo
onde vemos do lado esquerdo uma mulher loira em um vestido branco, carregando
flores e contemplando o mar, um reflexo de sua pureza imaculada. No centro da
pintura, encontramos uma mulher ruiva, nua e com os braços cruzados atrás da
cabeça, mostrando o lado sedutor e tentador de toda mulher. À direita, ainda
podemos observar, mais uma mulher, porém esta tem o rosto pálido e veste um
traje negro com os braços cruzados sobre o corpo. Separado pelo o que parece
ser um tronco de árvore, um homem, também pálido e vestido com roupas pretas,
dá a impressão de estar indo embora, carrega nas mãos o que seria um coração
que sangra abundantemente, despejando sobre a terra a seiva de onde nasceram
novas vidas. A pintura carrega uma
tristeza e melancolia, com a utilização predominante de cores escuras e um
traçado que não mostra inteiramente o rosto dos personagens.
“A Dança da vida” (1899/1900) é obra de
Edvard Munch pintada a óleo onde aparentemente está representado um baile à
beira-mar com casais dançando animadamente. Mas se observarmos melhor, vemos
que o quadro foi estruturado para ser lido de maneira que acompanhássemos o
traçar de uma letra M. À esquerda encontramos uma jovem mulher que parece estar
desacompanhada usando um vestido branco com detalhes amarelos. No centro da
imagem, um casal dança (ela vestindo vermelho, a cor do pecado e do prazer, e
ele de preto). Ainda é possível perceber que o vestido da mulher parece
envolver os pés do rapaz. No lado direito da figura, outra mulher, vestida de
preto, observa a cena dando a impressão de ser viúva. No plano secundário ainda
podemos observar diversos casais bailando, com as mulheres sempre de branco e
os homens de preto. Acabamos, por fim, compreendendo que não se trata de vários
casais, e sim, dos diversos estágios da vida. Representando a mulher da
puberdade à viuvez, o quadro passa pela sedução, paixão e tentação e chega até
a morte do homem, deixando a mulher sozinha, triste e melancólica.
“O dia seguinte” (1894/1895) é outra obra de
Munch, também pintada a óleo que mostra uma mulher deitada em uma cama
totalmente exausta após uma noite de orgia. Talvez, a ideia do pintor tenha
sido criticar a sociedade para a qual a mulher representada prestava serviços.
No quadro, vemos também como era a vida dessas mulheres: aparentemente,
repletas de festas, com muita bebida e sexo, mas que no dia seguinte mostrava o
quanto essa vida era sofrida e cansativa. Essa obra é considerada
expressionista, pois assim como a maioria das obras desse pintor, esta também
procura expressar a vida interior, ou seja, os sentimentos e a visão que as
pessoas têm do mundo, mostrando muitas vezes a dura realidade e não apenas as
sentimentos bons. O quadro se encontra exposto, assim como grande parte das
obras de Edvard, no Museu Munch, em Olso, Noruega.
“O grito” (1893) é uma das
obras mais famosas de Munch. A pintura a óleo mostra em seu primeiro plano um
corpo sinuoso e deformado – uma das características das obras expressionistas
-, cujo rosto apresenta um aspecto cadavérico. Ainda são mostrados, na pintura
uma ponte, na qual se encontram duas pessoas mal definidas do lado oposto ao
qual se encontra o personagem do primeiro plano. O céu é de um vermelho
alaranjado com tons amarelos, com traços que parecem ter movimento o céu se
transforma em mar com diversos tons de azuis, e sem possuir uma linha fixa que
delimita os dois. O quadro pode ter diversas interpretações, mas a principal
dela é o terror, espanto e ansiedade que o personagem transmite, algo que vem
de dentro e é expressado na pintura.
“Puberdade”
(1893) é uma obra pintada a óleo, mais uma vez do pintor norueguês, Edvard
Munch, representa um dos momentos mais importantes da vida das mulheres: a
transformação quando deixam de ser crianças e passam a ser mulheres. No quadro,
vemos uma adolescente nua, mostrando seu corpo ainda infantil, ou seja, sem
grande volume nos seios. Os braços magros curzam-se sobre a região vaginal,
como que a esconder o objeto de suas apreensões e medos, um local desconhecido.
O quadro mostra as incertezas que surgem nessa fase da vida de uma mulher,
expressando os temores destas em relação ao novo caminho desconhecido que surge
em suas vidas. Na obra, o pintor utiliza tons pastéis e traços imprecisos.
“Ao espelho” (1905), de Georges Rouault,
encontra-se atualmente no Museu de Nacional de Arte Moderna, em Paris. O quadro
pintado com aquarelas, assim como muitos quadros de sua época, nos mostra uma
prostituta, como podemos perceber através de suas características e os detalhes
de sua pouca vestimenta, despojada de qualquer encanto feminino e envolvida de
cores tristes. Rouault faz uma denuncia agressiva condição de vida dessas
mulheres. A pintura pode ser considerada expressionista, pois mostra a profunda
tristeza que emana do interior da mulher retratada, só de observarmos seu rosto
no espelho, podemos perceber a vida dura e sofrida que essa mulher leva.
Outro
quadro expressionista de Rouault é “O casal Poulot” (1905), pertencente a
Coleção Philippe Leclercq, Hem. Inspirado no romance La Femme Pauvre, de
Léon Bloy, Rouault tenta transmitir através dessa pintura, mais uma vez pintada
com aquarelas, o drama da pequena burguesia proletarizada e sua miséria no
final do século XIX. Os rostos mostrando expressões duras e um tanto disformes
representam a difícil vida que essa parte da população levava, mostrando certa
raiva e isolamento, pois o casal não parece estar junto, não parece haver algo
que os una. Na pintura há uma predominância da cor azul em tons marcantes.
“Crepúsculo” (1937/1938), de Rouault, foi
pintado com aquarelas e descreve, de uma forma idealizada, paisagens da
Palestina, ilustrando cenas do Novo Testamento da bíblia. Ao fazer esse quadro,
o autor parece buscar uma aproximação pessoal com o ambiente religioso. Podemos
perceber os traços expressionistas nos traçados grossos da pintura, nos rostos
disformes dos personagens bíblicos representados e nas linhas que se misturam
com a imagem, dando um ar um tanto abstrato a figura, ou seja, sem linhas
firmes que determinam o contorno das formas.
A obra de Rouault “Rosto de
Palhaço” (1948) se encontra atualmente exposta no Museum of Fine Arts, em
Boston, Estados Unidos. O retrato do palhaço assume no quadro deste pintor uma
projeção épica, mostrando que ao contrário do que o artista que é o palhaço
deixa transparecer, ele também sente dor. O pintor concentra sua atenção no
rosto do retratado, tentando captar de todas as formas possíveis essa dor,
através de suas tintas aquarelas. Os traços expressionistas estão presentes na
forma disforme e caricata que o rosto assume, com traços grosseiros e fortes,
expressando além da dor, certa raiva e angustia do palhaço.
Cena de rua em Berlim”
(1530), de George Grosz, mostra uma senhora vestida elegantemente fazendo-se de
arrogante para fazer charme ao homem com quem troca galanteios, os dois acabam
não reparando no velho que pede esmola na rua. Esta obra aquarela é uma
caricatura das condições sociais da Alemanha após a Primeira Guerra
Mundial. O artista ainda brinca com o
orgulho egoísta e a depravação das pessoas nesse período. A obra caricata
expressa a revolta do pintor diante de uma sociedade decadente e com uma moral
totalmente distorcida.
“Metrópole” (1917), de Grosz
busca a representação das mudanças que estavam ocorrendo em Berlim e outras
cidades da Europa, durante a Primeira Guerra Mundial. Com o vermelho dominando a obra, o artista
utilizada de figuras sobrepostas para transmitir o ritmo frenético da cidade,
mas ao contrário de muitos artistas, esse rápido crescimento da cidade não lhe
traz uma interpretação otimista, mas sim, uma experiência da guerra nos levará
a um estado de autodestruição e alienação do homem.
Na obra “A criança doente” (1885/1886), de um
dos maiores pintores expressionistas, Edvard Munch, podemos observar o leito de
uma garotinha repousada em um grande travesseiro branco, ao seu lado uma
senhora que mantém o rosto abaixado, mas que nessa forma mostra seu silencioso
desespero e tristeza pela morte da garota que parece inevitável. A menina, no
entanto, está com o rosto sereno, expressando uma paz acolhedora, mostrando que
já aceitou sua condição e está pronta para a morte. A obra pintada a óleo, traz
a expressão da dor e da plenitude, ambos sentimentos que vem de dentro do ser
humano e que são muito forte e profundos.
“O Velho
rei”, (1937), de Rouault está atualmente no Carnegie Institute, em Pittsbrugh,
Estados Unidos. Essa é uma das obras mais célebres e grandiosas do pintor, onde
ele retrata o antigo regime monárquico, através de um rei com expressões sérias
e autoritárias, com muitas joias e o que parecem ser roupas caras, mostrando o
quanto a monarquia monopolizava o poder e a riqueza nas mãos apenas de alguns,
principalmente nas mãos do rei. O quadro pintado a óleo. Assim, como “Rosto de Palhaço”, possui traços grossos e
cores fortes, parecidos com tantas outras obras do pintor.
“Pierrô Aristocrático”(1941), de Rouault, pertence à
Coleção Philippe Leclereq, Hem. Com tintas aquarelas seguras, o pintor sublinha
nos retratos dos clowns a farsa da vida humana que se apartou de Deus.
Com traços turvos e a representação do rosto de forma tanto caricata, o pintor
utiliza de modelos artísticos expressionistas para representar o que eram esses
populares palhaços, mostrando que eles também tinham seu lado sério e também
poderiam se sentir melancólicos.
“Separação” (1896), de Munch. Pintada a óleo a
obra mostra um homem e uma mulher de cabelos amarelos, mas com um rosto
aparentemente sem face, onde não se pode distinguir a boca ou os olhos. O homem
pintado com tons mais escuros, leva a mão direita ao peito, dando a impressão
de estar machucado, com o coração ferido e aos seus pés o que parece ser uma
planta, dando a ideia que desse sangue, essa dor que escorre do peito do homem
devido a separação faz nascer uma nova vida. Na obra, o pintor utilizou traços
imprecissos que se misturam criando outras imagens dentro da própria pintura
(como o vestido da mulher que parece formar a areia ao longo da praia).
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A recepção, em 2014, do expressionismo.
Durante
as primeiras semanas do mês de abril de 2014, realizamos uma pesquisa sobre o
que as pessoas pensam a respeito das obras de uma das vanguardas europeias (as
quais promoveram a ruptura dos princípios artísticos vigentes até o momento no
ingresso do século XX): o expressionismo. Foram apresentadas aos nossos dez
entrevistados três obras de dois grandes artistas expressionistas – “O grito”
(1893), de Edvard Munch, “Ao espelho” (1905) e “O casal Poulot” (1905), ambas
de Georges Rouault – e perguntamos se consideravam essas obras arte. No fim,
90% de nossos entrevistados disseram que sim, conforme o gráfico abaixo.
Quando
perguntado porque considerava os quadros arte, Valdir Feller respondeu: “Eu
considero essas obras arte, pois são uma forma de expressão onde o artista
procurou retratar uma época, além de alegria e tristeza, ou seja, sentimentos.”
Ele ainda completou dando sua definição de arte: “Arte é toda e qualquer
expressão de um sentimento ou momento.”
Durante a pesquisa sobre a recepção do
expressionismo atualmente, tivemos a oportunidade de encontrar ainda uma
professora de arte, Sandra Rittmann, que pode nos ajudar a observar que as
pinceladas e materiais utilizados pelo artista traziam ainda mais emoção e
expressão a obra: “As duas obras de Rouault trazem cores mais frias, o que
emana uma tristeza e profunda melancolia dos personagens pintados.” Já sobre o
quadro “O grito” ela grifa a importância do movimento das pinceladas: “Para
transmitir uma sensação de terror e espanto o pintor utilizou de movimentos nas
pinceladas e ainda de cores fortes e marcantes.”.
Apesar
de apenas um entrevistado ter admitido não considerar arte as obras
apresentadas, alegando o fato de que elas não lhe transmitiam coisas boas, a
maioria considerou as pinturas arte, porém no momento em que tiveram que justificar
suas respostas ficaram sem palavras, mostrando-nos que um grande número de
pessoas possui um pré-conceito sobre arte.
Manifesto Expressionista
O expressionismo propõe a expressão subjetiva dos sentimentos, tendo em vista que a realidade que circunda o artista é horrível, e este a deforma, criando uma arte abstrata, desvinculada do conceito de belo e feio. O manifesto desta vanguarda, escrito por Kasimir Edshmid, 1918, propõe uma arte mergulhada na visão do artista que expressa na obra o que antes por ele foi visualizado.
Manifesto Expressionista, de Edshmid:
"Assim o universo total do artista expressionista torna-se visão. Ele não vê, mas percebe. Ele não descreve, acumula vivências. Ele não reproduz, ele estrutura. Ele não colhe, ele procura. Agora não existe mais a cadeia de fatos: fábricas, casas, doenças, prostitutas, gritaria e fome. Agora existe a visão disso. Os fatos tem significado somente até o ponto em que a mão do artista o atravessa para agarrar o que se encontra além deles. Esse tipo de expressão não é alemão nem francês. Ele é supre nacional. Ele não é somente assunto da arte. É exigência do espírito. Não é um programa de estilo. É uma exigência da alma. Uma coisa da humanidade." (EDSCHMID, Kasimir. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. p.111.).
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